O SANTUÁRIO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA
De acordo com a lenda, o corpo do Apóstolo Tiago Maior foi trazido por Atanásio e Teodoro para a Península Ibérica, desde Jerusalém, por mar, numa barca de pedra, que subiu pelo rio Ulla até à localidade Padron, onde entraram no rio Sar, prosseguindo até Iria Flavia, continuando o traslado por terra, acabando o corpo do Apóstolo por ser sepultado a 20km a Nordeste de Padron, num campo, já no interior da Galiza. No ano de 814 d.c., a tumba foi redescoberta pelo ermita Pelagius, que relatou ter visto umas luzes estranhas, no céu nocturno, que sinalizavam o local, que ficou conhecido como o “Campus Stellae”(Campo das estrelas), Compostela.
O Bispo Teodomiro de Iria reconheceu o milagre e deu-o a conhecer ao rei Afonso II das Astúrias e Galiza, que avançou com as obras da primeira capela no local. Posteriormente, foi construída uma Igreja. No ano de 899 d.c., o rei Afonso III de Leon ordenou a construção de uma nova Igreja, de estilo pré-românico, que fomentou a vinda de mais peregrinos, acabando por tornar este santuário num dos principais locais de peregrinação daquela época.
Em 997 d.c. a Igreja foi reduzida a cinzas, pelo Califado de Córdoba. Após a retoma da Península Ibérica, pelos Cristãos, no ano de 1075, foi iniciada a construção do que viriam a ser as fundações da actual Catedral. Começou em estilo românico e foi crescendo e evoluindo para outros estilos, conforme as épocas, até chegar à actualidade (2020). Este monumental complexo religioso atravessa actualmente uma grande obra de manutenção e restauro integral.
Na Idade Média, os peregrinos que alcançavam Santiago de Compostela, obtinham a "Compostela", Indulgência que reduzia para metade o tempo de permanência no purgatório. Nos anos de Jubileu, quando o dia 25 de Julho coincide com um domingo, as Indulgências atribuídas aos peregrinos são plenas, isto é, "evitam" a passagem pelo purgatório. Em anos de Jubileu (Xacobeu) a Porta Santa é aberta aos peregrinos.
O Apóstolo Tiago Maior, passou a Apóstolo Santiago, pela aglutinação de “San”(Santo em Castelhano) e o nome Tiago. Também é conhecido por outros nomes: Santiago, filho do Trovão (Boanerge); Tiago, filho de Zebedeu; Santiago Apóstolo, o Maior; Iacobus; Sanctus Iacopus; Santiago Mata Mouros; o Pescador; Santi Yaguo; Santi Yagüe e Santiaguiño.
Para aproveitares ao máximo a chegada a Santiago, procura comer e ir à casa de banho, na periferia da cidade. Concluir a peregrinação com fome ou com vontade de ir à casa banho, junto à Catedral, vai afastar-te de uma experiência tranquila à chegada. Os preços são muito altos naquela zona.
Ao chegares à cidade de Santiago, as setas vão encaminhar-te até à Plaza del Obradoiro. No centro da praça, existe gravada no pavimento uma concha. É naquele ponto que terminam os Caminhos: Francês, Português, Inglês, Primitivo e do Norte; e começam os Caminhos para Finisterra e Muxia… À tua frente, vais encontrar a Catedral de Santiago. Recomendamos-te que procures um local onde possas estar confortável e tranquilo em contemplação. Se a tua chegada coincidir com o final de um dia de Verão, com céu limpo, vais assistir à transformação da fachada, pela luz dourada do pôr-do-sol (Obra de Ouro).
Ao chegares a Santiago, com a tua credencial, correctamente carimbada ( 2 carimbos por dia e um mínimo de 100km percorridos), podes solicitar a tua "Compostela". Este documento atesta a tua peregrinação. Vai cedo para a Oficina do Peregrino, para obteres a "Compostela". Deves tirar uma senha com o número. E através do código QR na senha, podes saber o tempo aproximado para seres atendido.
Podes usufruir de um pequeno almoço de Reis, grátis para peregrinos. O Parador dos Reis Católicos (Plaza del Obradoiro) oferece o pequeno almoço aos 10 primeiros peregrinos, que apresentem "Compostela".
Guarda algum tempo para visitares o complexo monumental da Catedral de Santiago de Compostela. Deves levar a tua credencial e a respectiva "Compostela", para poderes comprar as entradas a preço de peregrino.
Começa por assistir à Missa do Peregrino, com o turíbulo (Botafumeiro) que, na época medieval, servia para atenuar os maus odores dos peregrinos que assistiam à missa. Após esta celebração religiosa, começa por visitar os telhados da Catedral, com explicação detalhada sobre o sinos e a "carraca", o local onde se queimavam as roupas dos peregrinos, a organização do Santuário e os vários estágios da sua construção. Voltando a entrar na catedral, visita o “Pórtico da Glória”, onde muitas gerações de peregrinos deixaram gravado, numa coluna de pedra, o formato da sua mão, e, finalmente, desce ao túmulo do Apóstolo Santiago. Aos saíres podes abraçar à imagem do Santo.
Tens ainda,17 capelas para visitar dentro da Catedral. Se quiseres fazer uma viagem no tempo, dentro da Catedral, recomendamos-te uma visita à Igreja de Santa Maria da Corticela.Para aprofundares ainda mais o teu conhecimento sobre este complexo religioso de Santiago, visita o Museu e Palácio Gelmirez. Passarás a ver a Catedral de outra forma.
Existe uma grande oferta de locais para acolher peregrinos, mas existem dois locais emblemáticos: o Seminário Maior, ao lado da Catedral, que actualmente funciona como Hotel, mas dispõe de algumas células individuais, onde os peregrinos podem ser acolhidos a um preço razoável, e o Seminário Menor, mais afastado da Catedral, com grande capacidade de acolhimento para peregrinos, a preços imbatíveis. Apesar das grandes dimensões, este edifício, frio e despojado, ganha um carisma especial por ser o ponto de encontro de muitos peregrinos.
Gastronomicamente, a Galiza e Santiago são uma viagem pelos frutos do mar, lacticínios e a comida tradicional: pimentos Padron, queijo Tetilla, tortilha, empanadas Galegas, vinhos Ribeiro e Alvarinho e a tarte Santiago. Dentro da peregrinação gastronómica em Santiago, existe uma enumerável oferta de locais para comer. Destacamos dois locais: a Taberna “O Gato Negro”, local esconso, pouco iluminado, sem ventilação, sempre cheio de gente. A comida, petiscos e a bebida tradicionais da Galiza, valem todo o esforço e apertos. Recomendamos que chegues à taberna pelas 12:00, que ainda não é hora de almoço em Espanha, para encontrares lugar sentado. O segundo local é a "Casa Manolo", onde acaba por ir a grande maioria dos peregrinos, tornando-se assim um local de reencontro.
A cidade de Santiago de Compostela é uma cidade normalmente cheia de turistas, peregrinos, estudantes e residentes. Assim sendo, pode ser uma experiência complicada para o peregrino, a sua transição para a urbanidade.
Para mais informações detalhadas, recomendamos a visita ao site do Santuário de Santiago de Compostela: http://catedraldesantiago.es