Do Pinheiro Manso (pinus pinea)
Pinus pinea
O pinheiro-manso é uma conífera (árvores que produzem pinhas) considerada nativa no Sul da Europa e no Oeste da Ásia, regiões onde a valorização da sua madeira e principalmente da sua semente – o pinhão, a que chamamos fruto – remonta de há milhares de anos. A primeira evidência de utilização humana surge em Gibraltar e está datada de há mais de 49 mil anos.
Em Portugal continental, há pinheiro-manso por quase todo o país e esta é a espécie florestal cuja presença mais tem aumentado: de 120 mil para 194 mil hectares entre 1995 e 2015. O Alentejo concentra 68% da sua presença. Ela é tão comum em Alcácer do Sal, onde o seu crescimento é favorecido por longa exposição solar, que esta zona foi batizada como o “solar do pinheiro-manso”.
Sendo uma espécie pioneira – antiga, pouco exigente e que consegue viver em condições adversas (por exemplo, com pouca água e em solos áridos) –, adapta-se bem a muitos locais onde foi plantada. De tal forma, que é hoje considerada naturalizada em regiões distantes, como na África do Sul e em partes da América.
Estas características reforçam o valor ecológico do pinheiro-manso e fazem dele uma espécie de eleição para conter a erosão do solo e para efetuar ações de reflorestação em zonas áridas, que correm risco de desertificação. A sua presença ajuda ao restabelecimento de um habitat mais convidativo para outras plantas e animais.
Um pinheiro-manso adulto chega a elevar-se aos 30 metros, com uma copa de grande amplitude e um tronco que pode ultrapassar os dois metros de diâmetro. Estas dimensões generosas, juntamente com as suas inflorescências e sementes, tornam-no em alimento e casa para aves e roedores. Com a idade, as fendas e concavidades que podem abrir-se no tronco ajudam a convertê-lo num refúgio, inclusive para a nidificação.
O rabirruivo é uma das aves que aproveita os refúgios naturais do pinheiro-manso, mas não a única neste habitat: pombo-torcaz, chapim ou toutinegra-de-cabeça-preta são outros exemplos. O facto de o pinhal-manso ser apelativo também a vários mamíferos, como coelho-bravo – que faz a sua toca na base do tronco e se alimenta das ervas circundantes –, reforça o atrativo para algumas rapinas.
ATENÇÃO:
Entre 1 de abril e 1 de dezembro, a colheita de pinhas de pinheiro-manso é proibida e, mesmo que estejam caídas no chão, é proibido apanhá-las.
O objetivo é salvaguardar "o crescimento e desenvolvimento da pinha e do pinhão e evitando a colheita da semente com deficiente faculdade germinativa e mal amadurecida"
Da Araucária (Araucaria angustifolia).
Planta existente em Portugal, normalmente é uma planta ornamental.
No caso das araucárias, e notadamente da Araucaria angustifolia - também conhecida como pinheiro-do-paraná ou pinheiro brasileiro - a pinha atinge proporções razoáveis, constituindo-se de uma esfera compacta com diâmetro entre 15 e 20 centímetros.
Araucária angustifolia
Nos meses de maio e junho, no tardar do outono do hemisfério sul, as pinhas estouram' ao sol do meio-dia, possivelmente como reflexo da dilatação após a manhã fria. Com o estouro estes pinhões espalham-se num raio de aproximadamente cinquenta metros a partir da planta mãe. Mas, apesar de engenhosa, esta não é a principal forma de disseminação desta notável planta. O homem e os animais que se alimentam desse pinhão também atuam no transporte e disseminação das sementes. Os serelepes costumam armazenar os pinhões, enterrando grande quantidade de sementes no solo. Essas sementes acabam sendo esquecidas e assim geram novas árvores. Apesar da crença de que a gralha-azul dissemina o pinhão, na verdade são os pequenos roedores terrestres os principais vetores.
O pinhão mede entre cinco e oito centímetros, e tem a forma de uma cunha cuja casca recobre a massa compacta e altamente energética da semente propriamente dita.
Por seu gosto característico e pela presença regionalizada, o pinhão é muito apreciado no sul do Brasil (no Paraná, que possuí reconhecidamente a maior área de araucárias do país, o pinhão é símbolo estadual, sendo o estado sulista conhecido com a "Terra do Pinhão") e também em alguns estados da região sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde ocorrem alguns focos de araucária.
Prato de pinhões pronto para o consumo. Entrevero de pinhão, prato típico de Santa Catarina e da região dos Campos Gerais do Paraná.
Em Santa Catarina o pinhão é talvez a comida mais típica do estado, sendo consumido assado ou cozido, destacando-se alguns pratos, como a paçoca de pinhão e o entrevero. O mesmo acontece no Rio Grande do Sul, estado em que o pinhão é tradicionalmente consumido nos meses de outono e inverno. No Paraná, estado cujo símbolo é o pinhão, são feitos os doces de pinhão, frango ensopado com pinhão, sopa de pinhão, cordeiro ao molho de pinhão e outras iguarias paranaenses. O pinhão é também apreciado como aperitivo e em várias sobremesas. Existem até mesmo diversas "festas do pinhão", que são festivais culinários que se realizam em uma boa parcela das cidades do interior do estado, onde há grande ocorrência de araucárias.
Além de ser utilizado como ingrediente em alguns pratos, o pinhão pode ser consumido de forma isolada, normalmente assado ou cozido. Tradicionalmente, o pinhão era sapecado no chão do campo em meio às próprias grimpas da araucária.